terça-feira, 30 de agosto de 2011

É isso?

14/06/2011
Será que há momentos tão relevantes que não dou a menor importância?

Não consigo parar de bocejar. Não me havia percebido tão distante das histórias alheias, mesmo estando próximo às pessoas.

O que é proximidade, afinal? afinidade, encontro, intimidade, queda, toque? Não sei, mas é extremamente entediante.

Quem define profundidade do seu mundo? Qual é seu limite?

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O Botão

Levantamos e, em poucos, estamos vestindo nosso dominó diário. A luz da manhã parece parecer nossos sonhos e nos tornam em pessoas comuns, ou quase rebanhos.

Anos pensamos nos botões atacados dia a dia por esses comuns.

A criança acorda e pede ajuda. A mãe, orgulhosa do seu pequeno, fita aqueles botões como quem fita a lua em areias brancas. 

Depois, o acordar se torna chato. Nós simplesmente vestimos a roupa e raros são os botões que temos que abotoar. Engraçado. Os botões parecem não ter mais sentido.

A juventude chega no seu auge cantando músicas que faziam sucesso há dez anos.

O cheiro da morfina inspira trabalho e tensão. Os botões são esquecidos. Viram pequenas peças que atrapalham o desenrolar da vida e do tempo.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Caminhos

1997
Elevadores sobem,
Escadas descem.
Coletivos vem,
Automóveis vão.
Seu pensamento fica,
            minha alma fica,
                         a tua tenta.

Seus olhos comem,
Meu corpo dói.
Roupas vestem,
Dentes dispem
              mãos dispem.

Palavras destroem,
Sentimentos constroem
                         pedra sobre pedra
                                     nossa felicidade.

Relógios soam,
Coração dispara.
Pernas tremem,
Olhos fecham.
Corpo relaxa,
O coração não.
Adrenalina circula,
                     dedos circulam,
                                   são faces de uma mesma moeda. 

Bocas beijam,
             comem,
                        falam tudo.
O essencial urge: você.
O muro esconde,
Mas olhos vêem.
Portas abrem,
Mas cadeados unem
         duas partes de um todo:
                   a nota, o acorde, a música...

Papéis acolhem,
Canetas trabalham.
Mentes consumidas           
            pelo nosso sentimento autoral:
                        Saudade.
                                   que ferve,
                                               que machuca,
                                                            fica eufórica.

Pescoços roçam,
Narizes sentem
               menos que nós.
Tudo abre e fecha
           abre e vem
                        fecha e vai
                                      bate e pára
                                                  ficam e vão
Menos uma coisa:
                       eu e você.                                                                                                                        

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Talvez a Morte

1996
Talvez a luz do sol não apareça hoje;
Talvez o calor não mais me abasteça;
Talvez o mundo tenha parado;
Talvez o Chronus tenha saciado-se;
Talvez o universo esteja estático;
Talvez os corações tenham parado;
Talvez a vida não continue;
Talvez o vento não tenha mais motivo para soprar;
Talvez existam “flores em tudo que vejo”;
Talvez a boca não fale mais a palavra aspirada;
Talvez o pensamento esteja vago e longíguo;
Talvez a beleza não tenha mais princípios;
Talvez agora os princípios são outros;
Talvez todo trabalho talhado tenha tentado tirar troféus temidos;
Talvez o troféu seja o último, o limite;
Talvez o limite da vida
Talvez o início da morte.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Magues (Estuários Mortos)


Pés e lama se confundem em um belo par de olhos negros.
Pulos e sorrisos completam o belo cenário da lama.
 — Lá vem o fusca!
— Vrummm...
O mangue virou pedra.
E não há mais sorriso nem pulos
— Lá vem o caminhão!
— Brummm ... Práááááá !
Pelas frestas do mangue de pedras
Escorre mais um dos novos componentes do mangue primitivo:
O sangue. 

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Pela Janela da Jardineira

"Senhores passageiros, chegamos em Jijoca. Embarcaremos na jardineira com destino a Jericoacoara. Este percurso durará uma hora." Essa foi a primeira vez que ouvir falar em jardineira, não sabendo, ainda, do que se tratava exatamente. Chegando em Jijoca (ou será Gijoca com "G"), descobrimos depois de muitas invensões mentais, o tal meio de transporte que nos levaria ao destino final.

Jadineira é um microondas adaptado às necessidades dessa região. Não há janelas de vidro (elas são substituídas pelo plástico) e a pintura externa revela o que supostamente seria a paisagem do do local. Em jardineira não há suspensão, há cintos de segurança, não usados e há motorista ousado para dirigir os 23 km de dunas e outros caminhos esburacados. Jardineira só tem quatro machas e no máximo 50 passageiros com espírito aventureiro.

Na ida, fomos a noite. Pela janela da jardineira a noite sem luzes, estrela, areia, balanço, moto e som de pássaro próximos a alguma lagoa escondida.

Na volta pudemos apreciar melhor a jardineira... pela sua janela turistas embebecidos de uma beleza rara, bêbados que trocaram passagens, um casal em lua de mel bobos pela simplicidade do carro. Pela janela da jardineira, pedras duras, como a vida de quem vê a vida pela janela da jardineira... jegues selvagens, ao léu como a lembrança de quem vê a futuro pelas janelas da jardineira... praias desertas como o coração das crianças (são quatro) que se vê na boléia de um caminhão, pela janela da jardineira... dunas brancas como a paz alcançada por aqueles que se sacode e observa tudo pela janela da jardineira.

Uma vila! Praia Preá (não é 'do Preá') com crianças abanando as mãos com olhos de adulto oferecendo uma fatia de bolo de banana que vendem. Depois, pela janela da jardineira, estrada e vento e grãos de areia que parecem impelir nossa ida sem volta.

Pela janela da jardineira, a diversão de um lugar que parece ermo, mas que se enche de beleza quando se percebe a unicidade de corações que nos vêem pela janela da jardineira.

E no final da hora que separa o distrito de seu município, o que se vê, pela janela da jardineira, Jijoca de Jericoacoara e sua gente tão diferente e tão igual como tudo que se vê pela janela da jardineira.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Cacto

Por Raymundo Monteiro

Incertos por entre brechas de rochas
Aflitos e rasos, lançam raízes
À procura de seiva agrestina
Rara, para sua existência.

Bruta meiguicie
Com espinhos lançosos
Rara beleza vulgar
Que fere meu orgulho.

Lento espalha
Rara flores
Beleza, espinhos e dor
Dor da perda.

Rara, morte
Para sempre
Na mente

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Falta Inspiração

Doença da alma, falta inspiração.
Remédio não há fora do ser.


Inspiração é valores que brota do espírito e da vida mundana.


Inspiração é vontade que surge da consciência e do querer.


Inspiração é o prazer que nasce da vaidade,
                  é o mover que vem da entrega,
                  é o pensar que esta na tranquilidade,
                  é respirar sua natureza e


Equilibrar o ser.